“Cada vez mais todas as pessoas, inclusive os candidatos, vão precisar conviver com a internet. Essa pandemia está demonstrando que a internet vai mudar ainda mais as eleições”. Essa foi uma das mensagens que a jornalista, mestre em Comunicação em Ambientes Digitais, especialista em Marketing Político, Nara Alves, deixou para os internautas que acompanharam a live do dia 28 de abril, nos canais da @agdescomplica.
O mundo, definitivamente, está dividido entre antes e depois do Covid-19, e cada vez mais o período eleitoral é importante para a exposição das figuras públicas que tomarão as futuras decisões. Para, cada vez mais, o eleitor eleger quem realmente é capaz. “Na pandemia, o que importa são as ações que os candidatos estão fazendo, é importante prestar contas no combate à pandemia, tanto na preservação da vida quanto no lado econômico. Prestar serviços, mostrar o que pode ajudar a população a encontrar os auxílios, onde ligar para receber uma cesta básica, por exemplo”, explica.
Outra dúvida dos pré-candidatos é sobre as doações. Há um limiar para a ilegalidade e para a falta de bom senso, imagina isso em um ano eleitoral. Porque pode implicar em compra de votos, cassação da candidatura. Na pandemia ou calamidade pública, as instituições podem continuar doando. Só é importante tomar cuidado para que as doações sejam feitas em nome da instituição, e não em nome do candidato. “Só não faça uso disso para exploração eleitoral, seja discreto e apenas faça a doação de coração. Não faça uso da imagem das pessoas desfavorecidas”, sugere Nara.
Quanto ao posicionamento dos pré-candidatos, a especialista acredita que é importante se posicionar sim. “Eu não falo ou indico determinado posicionamento, mas creio que se posicionar é importante. Se o candidato tiver argumentos e uma reputação que o resguarde, ótimo. Tudo o que conseguir jogar na rede se posicionando surtirá efeito depois. Afinal, as redes são o palco perfeito para a polêmica. Se você jogar na rede a sua opinião e se sustentar com argumentos condizentes com suas bandeiras, é o cenário perfeito para se expor”. Entretanto, se o perfil do pré-candidato é mais ao centro, moderado, a prioridade tem que ser a estratégia política, ver se vale a pena entrar na polêmica, se posicionar publicamente.
Nara observa que é importante tentar relacionar o posicionamento do pré-candidato com a própria pauta. Se for uma pauta de mulheres, relacionar com assuntos que tenham a ver com violência doméstica, desemprego feminino, dificuldades delas no home office, dificuldades com os filhos. Ela observa, entretanto, que nesta fase da pré-campanha, com o sem pandemia, não é hora de se apresentar como pré-candidato, muito menos pedir votos ou criar slogan. É sim, hora de se apresentarem como cidadãos, mostrar experiência de vida, de onde veio, o que tem para falar, o que já viu e viveu e as ambições do sentido mais amplo da vida.
Continuar apostando nas redes sociais, no boca a boa e fazer acontecer. Criar um grupo em torno do candidato, ampliar o círculo de pessoas que conhecem seu trabalho para já ter uma base consolidada quando chegar a época da campanha, em setembro e outubro. “Por exemplo, mostrar seu trabalho, tentar relacioná-lo com a pandemia, em que momento essas duas pautas se cruzam, apoiar campanhas, fazer uma mobilização. Não é preciso estar em um cargo para ser cidadão e fazer coisas positivas”.
A pandemia e o isolamento social reforçam ainda mais a necessidade de uma estratégia digital, mesmo para candidatos que morem em uma cidade sem muito acesso a internet ou com uma população sem smartphones ou computador. Sem estratégia digital definida, o pré-candidato corre o risco de ficar para trás. “As eleições deste ano e dos próximos serão diferentes das anteriores. Sendo mantida a data, a tendência é que haja uma reorganização na forma de votar, mesmo achatando a curva, o gráfico da pandemia ainda estará presente. Em setembro, ainda haverá restrições de mobilidade. Mais um motivo para a aposta nas redes sociais para fazer uma campanha robusta neste ano”, afirma Nara.
Para os interessados em campanhas eleitorais e marketing político, a especialista indicou a leitura do livro “Direito Eleitoral na Era Digital”, de 2018, editado pelo Internet Lab, de São Paulo. A obra explica bem quais os gargalos, regras e funis pelo visão jurídica. Para as campanhas municipais, a vereador, já saber essas regras esmiuçadas é um grande começo. Outro divisor de águas, na visão da especialista, foi a publicação da Resolução 23.610 do TSE, 18 de dezembro de 2019, que traz novidades, sobretudo no que diz respeito à proibição dos sistemas de disparo em massa, para evitar a disseminação de fake news.
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