Iara Vidal é jornalista, mãe, multifunções, ativista, e responsável pela Semana Fashion Revolution em Brasília. Nesta conversa que foi ao ar no instagram da @agdescomplica no dia 14 de abril, ela contou sua relação com a moda e todos os aspectos que a envolvem. “Desde nova, gosto muito de moda e política. E sempre fui inconformada com as desigualdades. Depois de um período que acompanhei alguns fatos, como o impeachment da Dilma, comecei a escrever uma coluna, Consumo Consciente, que acabou evoluindo”, lembra Iara. 

Ela teve contato com o Fashion Revolution e viu uma possibilidade de unir moda e política. Em 2017 participou como voluntária do movimento, mas em 2018, por conta de uma viagem da organizadora, foi convidada a ocupar o lugar dela e se tornou a organizadora do evento em Brasília. “Encarei o desafio, mas com uma particularidade. Acreditava que eu deveria politizar esse debate porque eu acredito nas transformações por meio das políticas públicas”, explica. 

O Fashion Revolution é um movimento mundial, que surgiu em 2013, depois de um acidente no Rana Plaza, em Bangladesh. O prédio foi incendiado, desabou, matou mais de mil pessoas, feriu 2.500 e deixou evidenciado algo que já vivíamos há muito tempo. “As economias centrais acabaram terceirizando a produção das nossas roupas para economias periféricas, onde os direitos trabalhistas, a legislação ambiental é mais frágil, e com isso, surgiu o fast fashion, ou seja, a moda rápida. Antes tínhamos duas coleções por ano, a primavera/verão e a outono/inverno, passamos a ter 52. Passamos a produzir uma quantidade de roupas de baixíssimo custo e baixíssima qualidade e que submete, sobretudo as mulheres – mais de 75% da mão de obra é feminina – submetidas a condições degradantes de trabalho”, lamenta Iara. 

Mas o acidente em Bangladesh não apenas deixou vítimas, mas evidenciou muita coisa. “Quando pensamos que aquela sua blusinha de R$ 10 está suja de sangue, a de R$ 800 também, porque a cadeia produtiva é a mesma. Durante o resgate das vítimas, muitos ativistas encontraram etiquetas de marcas globais. o que definiu o desenvolvimento da Fashion Revolution em 2014”. 

Nesses sete anos de atividades globais, em mais de 100 países, ao mesmo tempo, pedindo reflexões sobre a cadeia da moda, o que o movimento ainda questiona? “Questionamos quem fez minhas roupas. Mas este ano inauguramos um novo mote, do que são feitas as minhas roupas?  Pretendemos despertar nas pessoas esse olhar para as pessoas que fazem nossas roupas, desde o agricultor que cultiva nossas fibras – o algodão é a planta que mais consome agrotóxico no mundo. uma outra vertente é o poliéster, uma fibra que é mais consumida, vem do petróleo e é responsável pela quantidade absurda de micro plástico nos oceanos”, observa a jornalista.

Ela falou da participação e da movimentação da Fashion Revolution neste ano, que ocorreu na semana de 20 de abril, em que todos os debates, lives e encontros foram realizados de maneira online. Dentre os temas debatidos estiveram o cânhamo na moda, o algodão agroecológico para segurança alimentar, a Política Nacional de Resíduos Sólidos na Moda, formas de proteger a comunidade de moda aqui no DF.  

Para Iara, a moda, embora seja um caleidoscópio, que vai da sua identidade até resíduos sólidos, às vezes é vista com um certo desdém. “Eu discordo porque a moda é, antes de tudo, uma indústria que emprega, sobretudo mulheres, mas é também uma indústria muito vulnerável a, por exemplo, uberização, o trabalho análogo à escravidão. Há na moda, um recorte muito profundo, vai muito além de tabela Pantone e tendência de estações. Minha militância começou por esse caminho. eu acho que quanto mais a gente estuda, mais se sente uma impostora, vemos que não sabemos absolutamente nada”, pondera. 

Em um momento em que a humanidade está fazendo inúmeros questionamentos sociais, Iara aponta a vulnerabilidade da cadeia produtiva da moda, sobretudo pequenos empreendedores que não têm reserva para segurar três meses fechado. “É complexo, e é por isso que eu acabei parando aqui, nesse sentido, para trazer esse debate político para a moda”. 

Para Iara, existem muitas questões envolvendo o cenário da moda. Apesar de ter seu aspecto lúdico, criativo, político, ela é uma indústria, que gera emprego, renda. “A moda é caso de política sim. Tem uma frase que eu gosto muito de falar, da Verônica Goulart. Ela diz que uma mulher que tenha uma máquina de costura e saiba costurar, não passa necessidade. É verdade. Eu sou filha de costureira, que passava noites costurando vestidos para complementar a renda. É um fenômeno feminino”, diz. 

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Gostou do texto? Então, confira o bate-papo completo com Iara Vidal, no nosso canal do YouTube. Compartilhe, espalhe essa mensagem! Quanto mais pessoas tiverem acesso, mais tranquila e bem informada será a quarentena de todos. 

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