O tema da live do dia 26/6 foi a raiva, uma vez que a pandemia tem evidenciado muitos gatilhos com este sentimento. A multiterapeuta Iana Meirelles (@vagalumeterapias) lembrou na live semanal da @agdescomplica, que tivemos uma semana muito sui generis, com momentos de doçura com Vênus, mas também muita intensidade com Marte nos últimos graus de Peixes, trazendo o desafio final, fazendo uma quadratura com os módulos lunares. É tempo de ajuste de contas para poder seguirmos mais leves.
A boa notícia é que teremos Marte entrando em Áries, para os próximos seis meses. Eles juntos é uma loucura. É uma boa hora para fazer todas as catarses, gritar no banheiro, fazer a boca de leão, socar a almofada.
Como se manifesta
Não tem como falar da raiva sem falar de sombras. Ninguém aceita ou quer senti-la. Ela faz parte do nosso repertório emocional básico, por isso não podemos negá-la. É extintiva, automática. A raiva na verdade é um espaço de representação da força vital da libido, que reprimida, se transforma em força de morte. A raiva reprimida nos traz o mal. Ela brota de um desconforto. Se eu não posso demonstrá-la, quando eu fragilizo meu superego, ela se manifesta.
Muita raiva, sono, fadiga mental, fome. Tudo isso faz com que ela venha à tona sem grandes filtros e estouramos. Um movimento desproporcional, atingindo de um jeito desproporcional. “Assim, estaremos vivendo a serviço de um gatilho. Acabamos tendo essa reação quando a raiva vai ficando reprimida”, aponta Iana.
Código de leis pessoal
Na nossa sociedade somos ensinados para sorrir e acenar. Não sabemos dizer não. Acabamos vulneráveis a esses excessos. Quem consegue dizer o não com clareza é tachado de anti social, grosseiro. Aí ficamos em uma perspectiva ruim. Para Iana, nosso sim só tem força quando o nosso não tem força também. Quando você diz sim para o que é negativo, não tem força seu sim para o positivo. Se você diz sim para tudo, você receberá problemas e coisas boas. O nosso não e o nosso sim têm que ter forças. Temos que ter nosso espaço, nosso limite.
Construa seu código de leis pessoal. Coloque o que é inaceitável, respire fundo, filtre e eleja dez leis que serão não sempre. Quando você estabelecer essas dez leis, você conseguirá estabelecer seu não e aquilo será não, não importa o que aconteça. Isso impedirá que você engula sapos e fique menos raivoso.
Criança interior
Doutrinamos as crianças a serem boazinhas. Na fase do desenvolvimento emocional, marcamos elas que elas terão amor se forem boazinhas. Ela deixa de satisfazer as necessidades para satisfazer o outro. De alguma forma, nossa sombra raivosa está nos conduzindo mais que nossa libido de vida. De trás dos nossos sentimentos está essa criança raivosa, essa raiva guardada. “Essa, certamente, é uma das causas da depressão, pois as concessões que a criança faz para os adultos, sobre quem essa criança é, perdemos nosso propósito de vida, o que realmente somos, perdemos perspectiva. o passado fica grande demais”, postula.
A terapeuta lembrou que o ódio, a raiva, cabem no amor. Ele é tão sublime que esses outros sentimentos cabem nele. A criança ama, faz os sacrifícios para se sentir aceita, pertencente, mas fica com muito ódio dos pais. É o típico casamento edipiano. Fazendo as escolhas baseado no olhar, na vontade dos pais. “Essa criança vai vivendo a vida com muita raiva, o tempo inteiro, mas faz. Ele vai mostrar no jeito de atuar, na relação de trabalho, Ela fica aprisionada na raiva infantil”, pontua.
Sociedade raivosa
Esse é o maior problema. somos uma sociedade infantil e raivosa. Temos uma mentalidade de tirar tudo dos estrangeiros, temos um ressentimentos com os europeus, por exemplo, com a colonização. Temos ressentimento como povo, população, de se dar bem a qualquer preço, um movimento cultural que é da infância, de uma criança que não faz concessão. É aquele sentimento de que a vida me deve. Mas esse pensamento é muito errado. A vida não te deve nada. A vida é o que transferimos para ela, é o que construímos com o nosso olhar.
A raiva e todas as nossas emoções não são nossas. Todo o nosso arcabouço é uma experiência do nosso inconsciente. Ela só sabe o que já viveu. Cães latindo na rua, tenho que buscar na minha memória interior, construímos uma busca. Demonstre que é mais raivoso que eles ou volte, retroceda. Voltamos para uma experiência de passado, não é meu, está no meu arcabouço da humanidade. Reajo de uma forma que outras milhões de pessoas já viveram. Eu verto para dentro e vivencio. Só que eu fico com as marcas dela na minha vida. E digo que eu sou aquilo, trago para a minha personalidade. Quando estamos em uma situação de crise, agimos de outra forma que pensaríamos. Nossa dificuldade é fugir dessa reação automática e entrar na ação, dar um passo para trás e só assim agir.
Se tem um gatilho de raiva, posso dar um passo para trás e usar minha forma de olhar através do que acontece, achar um jeito meu de agir, sem reagir a um gatilho. Busco em mim um arcabouço meu, vibracional, e penso o quanto disso é meu. Porque essa pessoa está com tanta raiva? Criamos assim uma elaboração da experiência humana. É um bem para nós e para o todo. Para isso, precisamos desarticular os arquétipos. Se perceber das sensações. Quem não controla as emoções, acaba tendo um dia de fúria. Não adianta controlar, é preciso lidar com ela. Senão o inconsciente vai agir.
Pandemia
Quando vivemos uma ruptura da realidade, vivemos o transtorno adaptativo, o que leva um tempo para elaborarmos essa nova rotina. Soma-se a isso, a pandemia, que é uma mudança profunda da realidade, mudanças repentinas de hábitos, transformações práticas, estresse, tudo isso sobrecarrega nossa psique. Estamos vivendo a fadiga adaptativa, o que gera a exaustão emocional, a raiva. Espalhamos isso em tudo, até no que amamos. Precisamos olhar para essa fadiga com gentileza. Ficamos menos sociável, sem vontade de levantar de manhã.
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Diante da pandemia da Covid-19 que tomou conta de todo o mundo nos últimos meses, nós da Agência descompli.ca resolvemos aproveitar essa oportunidade nos nossos canais para fazermos lives com nosso público. A ideia é estabelecer pontes, traçar caminhos de harmonia e diálogo com temas que não só dizem respeito à crise, empreendedorismo, pequenos negócios, mas também de como enfrentarmos esse momento de forma mais equilibrada, tanto financeiramente quanto física e psicologicamente.
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