“Na verdade, esta não é a live do fim do mundo, mas sim a live do começo de um novo mundo”, brincou a terapeuta integrativa, multiterapeuta, Iana Meireles, da Vagalume Terapias, no início da live transmitida pelos canais da @agdescomplica, que foi ao ar no dia 1/5.

Iana resumiu o que já havia abordado nas três lives anteriores e lembrou que é impossível não ver uma sincronicidade entre os eventos astrológicos e os eventos da atual pandemia. “Tivemos um grande encontro no céu, no dia 12 de janeiro, com nove planetas em Capricórnio, o que é muito raro”, observou. Outra constatação que ela fez diz respeito aos filmes e suas diversas temáticas. “O cinema costuma ser um precursor do inconsciente coletivo. É sempre bom ficarmos de olho em tudo o que aparece nas obras de ficção, porque há chances de ser aquilo. Claro que somos pouco atentos aos nossos conteúdos internos, ao nosso inconsciente. Por isso eu sou bastante atenta ao cinema, pois acredito que ele é um porta-voz do inconsciente coletivo”.

Há relatos de pacientes que chegam no consultório e já com processos terapêuticos outros, chegam no limite do sofrimento. Geralmente, já fizemos terapia. Nesses e nos outros casos, não tem como economizar palavras. Sou adepta da ideia de que o sofrimento é caro e precisamos economizar em gastá-lo. Vou direto ao ponto, faço provocações, dou as soluções, puxo o esparadrapo de uma vez, para resolver de uma vez”, elucida.

Ela explica que nem todos seus pacientes gostam da Astrologia, não se conectam com a linguagem. Entretanto, ela ajuda porque dá nome, um formato para nossas emoções. Segundo Iana, temos dificuldade em nomear os sentimentos. Ficamos naqueles cinco básicos do filme Divertidamente: raiva, aversão, alegria, tristeza e medo. Há muito mais do que isso.

Os temas mais comentados na última, que geraram mais dúvidas foram relacionamentos, casais brigando, como realizar a harmonização, dinâmicas para melhorar o convívio. Muitos pediram também para que fosse falado sobre ansiedade, depressão, pânico, surtos de raiva. Mas, a grande maioria, de fato, pediu que fosse falado sobre o sofrimento como caminho. “Achei interessante porque geralmente, as pessoas fogem disso. Entretanto, agora estão mais focadas na solução que no caminho. É sinal de que estão começando a entender que não é para pensar no destino da jornada, mas na caminho dela. Que não tem um jeito fácil, teremos que viver esse processo, rever, amadurecer essa relação com o sofrimento, com as perdas, com o desapego, a liberação dos nossos conteúdos internos. As pessoas estão percebendo que teremos que passar por esses testes, o que me deixou bem feliz”, diz.

Segundo Iana, infelizmente, em alguns lugares do mundo, estamos vivendo um certo negacionismo da realidade. Não apenas de cunho político e ideológico. Mas isso, para ela, é uma defesa do nosso inconsciente, que acreditamos em qualquer coisa, por causa da nossa dificuldade de aceitar o que vem por aí. Isso vai acabar caindo quando a realidade começar a se impor para nós. Ajuda muito mais e diminui nosso sofrimento quanto antes tomarmos as decisões e posturas que devemos tomar. “Tem a ver com o despertar dessas pessoas. Elas estão percebendo que o recolhimento, a pandemia não é uma distração de 40 dias. Não existe mais o normal que a gente conhecia. Isso me acalma pois posso focar mais nas soluções”. Para Iana, o primeiro passo é reconhecer que se tem um problema. O segundo é o que vamos fazer a respeito, a partir disso.

Enfrentar os problemas gera sofrimentos porque gera mudanças. E aí, a própria mudança gera sofrimento porque você não quer mudar. Como lidar com isso? Boiar na verdade é uma forma de dizer que você não vai reagir, não vai resistir. Você pode fazer outros movimentos desde que não esteja lutando contra a aceitação da realidade. Porque, resistir a isso vai causar mais sofrimento. “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. É uma questão de duração desse sofrimento. Continuar resistindo tornará o sentimento mais agressivo. É aquela história de ignorar o despertador e ter que ser acordado com um balde de água fria. A ideia é evitar o balde de água fria. Quando encaramos os problemas, ele deixa de crescer e vai sendo diminuído à medida que vamos enfrentando ele. A dor é inevitável mas sofrer é opcional. O quanto você vai sofrer, você que vai escolher”.

Se enfrentar o sofrimento é menos doloroso, porque nós estamos sempre negando, se a gente não gosta de sofrer? Freud diz que tudo o que fazemos, o fazemos porque teremos um ganho com isso. Mesmo que seja um ganho indireto, colateral. Somos seres sociáveis e os bebês humanos, por exemplo, não sobrevivem sem ajuda, sem cuidado. Sabem desde cedo que se não tiverem alguém olhando e cuidando deles, eles vão morrer. É o nosso instinto de sobrevivência. Precisamos que essas pessoas gostem muito da gente. Quanto mais gostarem, terão mais cuidado e maior nossa chance de sobreviver. Nos conectamos com a família a qualquer preço. Achamos fofo bebês sorridentes, mas na verdade eles estão rindo porque vêem a resposta que o sorriso deles causa nos adultos, com uma reação positiva. Isso aumenta o vínculo.

Então, tudo o que fazemos, é moldado por esse estímulo, esse vínculo de sobrevivência. A partir do nosso crescimento, nossa dependência vai diminuindo, mas o vínculo com a nossa família continua. Por isso damos tanta importância para a opinião dos nossos familiares, por exemplo. Às vezes a opinião dos familiares tem mais peso para nós do que de especialistas. Acreditamos nisso porque estamos desde pequenos condicionados a olhar e pensar como eles. Nos emancipamos fisicamente, mas não nos emancipamos da nossa infância. Nossa sociedade, nossas leis, nossa lógica, o sistema, as instituições no mundo. Tudo é muito infantil.

“O problema não é só sermos crianças, mas sermos crianças feridas. Ferimos e agredimos mais os outros. Precisamos cuidar das feridas infantis que temos. Por isso temos Saturno e Plutão juntos. Saturno é o limitador, é a transgressão de tudo, é contenção, é diminuição, é olhar com uma lupa. Enquanto Plutão é Hades, o senhor do submundo, das sombras, das nossas profundezas. Saturno contém, nos limita, nos enclausura. Então, agora estamos sendo obrigados a encarar nossos conteúdos mais sombrios, mais desafiadores, encarar as feridas da nossa infância, para, aí sim, começarmos a encarar o sofrimento de frente e lidar com ele”, resume Iana.
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Diante da pandemia da Covid-19 que tomou conta de todo o mundo nas últimas semanas, nós da Agência descomplica resolvemos aproveitar essa oportunidade no nosso canal no instagram para fazermos lives diárias com nosso público. A ideia é estabelecer pontes, traçar caminhos de harmonia e diálogo com temas que não só dizem respeito à crise, empreendedorismo, pequenos negócios, mas também de como enfrentarmos esse momento de forma mais equilibrada, tanto financeiramente quanto fisicamente e psicologicamente.

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