O processo de afastamento das pessoas dos centros urbanos por conta do isolamento social causado pela pandemia do Covid-19 tem sido muito mais cruel com os moradores da periferia. Essa é uma das constatações feitas por Coracy Coelho Chavante, coordenador do Coletivo da Cidade, na Estrutural, periferia de Brasília.

“Estamos em constante mobilização. Tem algumas coisas importantes neste momento. Uma delas é que começamos a perceber o interesse das pessoas, muitas respostas positivas e estamos saindo da nossa zona de conforto para conseguir enxergar outros horizontes”, explica Coracy, em seu papel como organizador de um sistema de doações para famílias da Estrutural.

O Coletivo da Cidade, do qual ele é protagonista, é uma organização da sociedade civil, que teve início na Estrutural em 2011, com a participação de estudantes do Serviço Social, Psicologia e Pedagogia. “A partir dessa mobilização, passamos a desenvolver atividades, inicialmente com crianças e adolescentes, buscando alternativa para, no horário contrário ao da escola, estimular, proteger e assegurar o desenvolvimento integral deles”, explica Coracy.

O Coletivo nasceu dessa perspectiva, com essa proposta, de guiar os pequenos para um caminho de aprendizado, acolhimento e segurança. “Desde o início, temos organizado várias ações. Promovemos atividades diariamente para 200 crianças. Temos uma equipe de educadores, psicólogos, assistentes sociais. Há também voluntários que trazem oficinas de música. Neste ano desenvolvemos um projeto de musicalização com instrumentos de percussão, sopro, violão e assim vamos atendendo essas crianças”, pontua. Há ainda um projeto com as mães dessas crianças e jovens. É um grupo chamado Maria Costura, voltado para a geração de renda. “Começou como um projeto de socialização das mulheres, mas acabamos criando um espaço com cursos, onde elas podem produzir e disponibilizar os produtos para venda”.

Neste momento de pandemia, entretanto, o coletivo identificou outras demandas das famílias no que se refere à renda, pois muitos moradores da região são trabalhadores informais, alguns trabalham com reciclagem, prestação de serviço. Elas sentiram de imediato esse impacto e já trouxeram essa preocupação com relação à alimentação. “Conversamos com grupos de voluntários, inclusive o Boa Ação que também atua na Estrutural, e com o Projeto Inglês na Estrutural. Foi a partir daí que começamos a campanha de arrecadação de alimentos para disponibilizar para essas famílias”, observa Coracy.

A partir daí, eles começaram a pensar uma estratégia de comunicação com a ajuda de muitos voluntários, especialmente com o grupo Inglês na Estrutural, que tem uma estrutura mais robusta de divulgação. “Eles prepararam ações e estratégias nas redes sociais, contato com parceiros, e colocamos essa mobilização na rua. Produzimos um formulário para aqueles que quisessem ajudar de alguma forma, para além da doação. E a partir daí fomos gerindo isso. Quando pensamos qual era nossa meta inicial, começamos a traçar quais eram nossas necessidades, como por exemplo, de apoio logístico para retirar e fazer a entrega dos produtos. Montamos equipes de trabalho para estar nas frentes. Apareceram voluntários que já tinham experiência de articulação com o comércio. Com isso, conseguimos bons preços e a parceria com doações. Além de outros parceiros que deram dicas de quais produtos seriam mais interessantes de constar nesses kits”, explica Coracy.

O fato de alcançarem as pessoas que mais precisam, assegurar que os produtos chegassem e não gerassem nenhum risco para eles, evitando aglomerações nas entregas: tudo isso está sendo importante neste momento. “A grande questão foi colocar a nossa necessidade na rua, comunicar com as pessoas e ir estruturando e compondo equipes de acordo com as necessidades que foram surgindo”.

Entender bem a realidade e trazer parceiros para acelerar o processo de ajuda foi fundamental para o êxito das ações do coletivo. Eles acionaram parceiros locais que já atendem famílias e crianças na cidade. Conversaram com espaços de convivência que abrigam crianças de zero a seis anos, que atendem em formato parecido com o de creches, pois são projetos que já dialogam com as famílias, conhecem os casos que tinham maior necessidade.

“As famílias que o nosso coletivo atende também, já tínhamos um perfil e as necessidades delas. Priorizamos isso e fizemos também um cadastro para assegurar que uma pessoa não recebesse mais de uma vez. Além de um canal no Whatsapp que nos permitisse continuar dialogando com essas famílias, dando orientação, informações. Sabemos que essa é uma ação emergencial, e que outras devem vir junto a essa. O suporte para acionar recursos governamentais, políticas públicas, tudo isso. Por isso a importância de fazer um cadastro e incluir essas pessoas nessa lista, para termos a continuidade desse acompanhamento”, explicou.

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